Homilia do Santo Padre, Papa Clemente II
Basílica de São Francisco de Assis 02.08.21
Solenidade de N. S. Porciúncula
e o Perdão de Assis
Irmãos, celebramos o dia do Perdão de Assis. Fazemos, hoje, memória daquele dia em que São Francisco de Assis pede a Cristo que perdoe os pecados daqueles que visitassem a igrejinha de Nossa Senhora da Porciúncula em Assis. Francisco, em oração, faz a Deus esse pedido e é envolvido por um manto de luz do próprio Cristo, indo pedir ao papa Honório que concedesse essa indulgência que foi, então estabelecida. É dia propício de nos voltarmos ao Senhor e apresentarmos a Ele, pela intercessão de Nossa Senhora, as nossas máculas e nossas falhas. De modo especial, precisamos voltar os nossos olhos para o nosso egoísmo, que tantas vezes impede a ação de Deus em nossas vidas e na vida dos que convivem conosco.
Moisés sente o peso do exercício que realiza e pede a Deus até mesmo que lhe tire a vida. Moisés é, por aquele instante, incapaz de pensar que o povo precisava dele, mesmo diante de sua incapacidade. Ele se fechou diante daquilo que considerava impossível e não soube recorrer a outros, e nem mesmo pensar nos outros.
Quando Jesus estava no deserto com os discípulos e a multidão, só havia cinco pães e dois peixes para acontecer. Os discípulos se preocupam com o que o povo irá comer ou será que só estão preocupados que eles próprios não fiquem sem comida? Diante da incapacidade de assumirmos o lugar dos outros, de nos colocarmos no lugar dos outros, o próprio Senhor levanta que somos nós que temos que nos preocupar com os outros.
O pecado original, a desobediência, tornou o homem egoísta. Pedirmos o perdão, procurarmos a reconciliação neste dia do perdão de Assis, precisa se concretizar no nosso seguimento a Jesus Cristo, tendo como exemplo a figura de São Francisco de Assis. Somente no desapego de nós mesmos poderemos nos reconciliar plenamente com Deus. Se não formos capazes de deixar o nosso ego para irmos ao encontro do coração dos outros, ficaremos imóveis diante do que tem o seu coração machucado e ferido por razões sociais e sobretudo pelo pecado. Se não formos capazes de deixar o nosso ego, se não seguirmos o exemplo de Francisco de Assis, se não contarmos com a intercessão de Nossa Senhora, poderemos até procurar a Deus, mas só seremos capazes de encontrar o nosso próprio umbigo.