Reflexão do XX Domingo do Tempo Comum

"Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!" - Lc 12, 49.

No século XII da Igreja a vida religiosa era sinônimo de tranquilidade, de sossego e rotina, graças a já solidificada regra beneditina que guiava seus adeptos à iluminação mais profunda através da oração e do trabalho, com sua tão famosa jaculatória monacal: “Ora et Labora”. Tantos foram os santos monges que viveram e morreram sob esta guia, não que  estivessem errados, de modo algum, mas faltou-lhes uma experiência a mais de Cristo.

Em contra partida, a Francisco, nosso fundador, não houveram perdas deste tipo. Ao aceitar o batismo que Deus lhe impunha, fora rejeitado por seu pai e seus amigos, a sociedade elitista da qual fazia parte o atribuiu o título de louco. Mal sabiam eles que este homem a que rejeitavam seria o europeu mais amado e querido pelo mundo, mesmo após séculos de sua páscoa.

Para o santo de Assis não haviam empecilhos em ouvir e executar as vontades de seu Deus. Quanto chamado a abandonar seu nome e riquezas, o fez sem titubear, quando enviado aos leprosários da cidade, foi sem nem pensar, quando convidador a fundar a ordem dos servos menores, andou a pé até a cidade de Roma para falar com o Papa.  Havia pois em Francisco uma chama forte ardendo em seu peito que o fazia perseverar.

Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. - Hb 12, 1-2

Havia em nosso Pai Fundador tanto desse ardor, que relatarão seus biógrafos que era comum no período de pentecostes que os ramos masculino e feminino da ordem reunião-se em certas florestas para festejar tal data e nestas noite havia luzes, louvores, músicas e outro sinais de tão forte epfania ecoando pelos bosques da região.

Peçamos, queridos confrades, a graça de perseverarmos no compromisso de vivermos com coragem nossa vocação, mesmo que para isso tenhamos que nadar contra a maré e vermos as divisões acontecerem ao nosso redor, pois Cristo veio para trazer a divisão com o pecado e a mundaniedade.

Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. - Lc 12, 51.

Dado da Cúria Franciscana, Convento de São Frei Galvão, Gabinete do Diretor Espiritual, 14 de Agosto do Ano de Nosso Senhor de 2022.


Frei João Paulo Cantalamessa, OFM
Diretor Espiritual