Com um grande grito,
exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! –
Lc 1, 42
Diletíssimos confrades,
neste domingo a santa mãe Igreja reza a passagem da mãe de Deus ao mais alto
dos céus, através de sua assunção. Solenidade esta que nos leva a contemplar uma
figura de ímpar significado para a nossa fé.
A figura daquela que da um
“sim” a vida e aceita tornar-se a mãe da humanidade, a mãe do Salvador, aquela
é cheia da Graça. A pequenina de Israel que torna-se grande, e tudo o que ela
precisou fazer foi aceitar a vontade de Deus em sua vida, mas também, perseverar
nesta vontade até o fim.
É com grande honra que nós,
franciscanos, reunimo-nos em comunidade para receber os votos perpétuos de
nossos confrades, o “sim” definitivo que os encaminha a uma vida de pobreza,
obediência e castidade. Grande é a responsabilidade de dizer este “sim”, mas
maior ainda é a responsabilidade diária de assumi-lo. Ora, Maria, não foi mãe
de Cristo apenas em sua gestação, ou apenas durante sua infância, ou até mesmo
até que ele assumisse a vida adulta. Ela foi sua mãe durante toda a sua vida,
pelos caminhos do calvário, na crucificação e na sua ressurreição. Não seriamos
nós bons religiosos, se o fossemos apenas durante breves momentos, na entrada
do noviciado, nas lágrimas dos neoprofessos ou em nossa renovação anual.
Exigi-nos o dever
franciscano assumir nosso sim diariamente, assumir nosso sim nas tarefas
diárias, mas também assumir nosso sim nas tarefas extraordinárias. É de
conhecimento popular aquela frase que diz que
“o Hábito faz o Monge”, e é tão inconfundível o hábito franciscano em
sua coloração marrom, seu capuz e seu cordão, de longe todos sabem quando o
frei está a chegar arrastando suas sandálias. Mas, mais que suas vestes, o
hábito do frade se dá por seu comportamento, sem apegos, orgulho ou vaidade, obediente
e silencioso, o frade jamais escandaliza sua mãe Igreja e onde chega este
religioso, alí chega a alegria. Quando juntos os irmãos parecem ser um só,
tantos são os risos quanto os louvores, não cansam que se ajudar e se
fortalecer. Não há entre os confrades quem seja superior ao outro, seja diácono
ou cardeal, são todos irmãos.
Bem-aventurada aquela que
teve fé, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. – Lc 1,45
É na perseverança desta fé,
deste carisma que seremos recompensados. Já o somos em terra, recompensados com
a dádiva da fraternidade, tão cobiçada por irmãos invejosos, mas mais ainda o
seremos recompensados no céu.
Dado da Cúria Franciscana, Convento de São Frei Galvão, Gabinete do Diretor Espiritual, 21 de Agosto do Ano de Nosso Senhor de 2022.